AS VISÕES EQUIVOCADAS SOBRE A ESCRITORA NÍSIA FLORESTA (PARTE 2)

Por Cláudio Marques, professor graduando em história e colunista do Nísia Digital.

As lendas em torno de Nísia – Diante de tantos equívocos, a semente do preconceito e difamação foi se incorporando na cultura popular da região que, até hoje, ronda nas mentes de populares. Trata-se de lenda que primam pelo exagero e absurdo:  Uma dessas lendas dá conta que Nísia Floresta, já sepultada no Mausoléu em terra natal, nas proximidades de onde teria sida sua residência, nas noites de lua cheia, a sua alma vagava pela cidade para seduzir homens que estivessem solitários.

A alma também poderia se revelava em forma de serpente, – uma alusão ao pecado, ou demônio que se fez serpente para ludibriar o ser humano. – o que teria feito autoridades locais envolver túmulo de Nísia com correntes no para evitar que sua alma saísse do túmulo para assustar as pessoas. E, de fato, as correntes existiam, até os anos 70, – foram tiradas por causa de uma das reformas feitas no local – todavia muito mais na intenção de evitar depredações.

No entanto, por outro lado politicamente correto também é interessante escrever que em Dias de Finados em Nísia floresta, o túmulo da escritora mais notável era costumeiramente visitado e como em atos cristão católica acendiam velas aos pés ou acima de seu Mausoléu.  – era comum ver restos de cera de vela após datas como finados.

Nísia Floresta, uma mulher, escritora, mãe e filha, que serve de exemplo para todos nós, inclusive para o fortalecimento e a atuação que as mulheres têm em nossos dias. Em Nísia Floresta, é  preciso destacar o relevante do professor Luís Carlos Freire que, durante sua gestão escolar em escola do município, resgatou e desenvolveu várias ações culturais e educativas para divulgar o nome e a pessoa da escritora Nísia Floresta, e, no retorno à sua terra natal, mais recentemente, a doutoranda em Literatura, a professora Rejane de Souza, que não tem dispensado esforços para divulgar o nome das escritora Nísia Floresta nas redes sociais, em exposições culturais nos curso de formação docente e em artigos publicados sobre a mesma em vários canais.

Na cidade, a maioria dos nisiaflorestenses ainda não despertou para exaltar e mobilizar ações permanentes de sua filha tão importante para o Brasil e o mundo. Mas os jovens vêm apontando para mudança desse cenário. E o desejo é de que a verdadeira visão de Nísia seja solidificada.

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3 respostas para “AS VISÕES EQUIVOCADAS SOBRE A ESCRITORA NÍSIA FLORESTA (PARTE 2)”

  1. João Baptista Gondim de Araújo

    Não deixo de reconhecer a importância desta escritora e acho justas todas as homenagens, mas acho um exagero nomear a cidade com o nome dela.
    A cidade deveria voltar a ter o nome de Papari nome que vem de um contesto histórico e geográfico.
    Apesar de sua importância literária, esta pessoa nunca fez nada pela cidade a não ser nascer aqui.
    Voltar ao nome original sim é restaurar a história, processo que vem ocorrendo em outros municípios do estado; Eduardo Gomes voltou a ser Parnamirim, Presidente Juscelino voltando a ser Serra Caiada.
    Não é nenhum desrespeito a escritora. Brodowski no interior de São Paulo Famosa principalmente por ser a terra natal de Cândido Portinari, maior pintor brasileiro não precisou mudar de nome para cultuar a sua história e genialidade

  2. Luis Carlos Freire

    Cláudio, num dos meus encontros com Constância Lima Duarte, em Brasília, durante as gravações do documentário “Nísia Floresta, uma mulher a frente do seu tempo”, perguntei a ela sobre essa lenda que diz que “Nísia Floresta sai do túmulo nas noites de lua cheia e…” Ela disse que a ouviu de uma única pessoa, inclusive a mulher que zelava do túmulo, a qual ainda reside no mesmo local. Entrevistei a referida senhora e a mesma disse que realmente uma escritora esteve com ela entrevistando-a, mas ela nunca disse isso, pois nunca ouviu falar nisso.
    Interessante, Cláudio, é que entrevistei inúmeras pessoas desde 1992 e nunca ouvi essa lenda.
    Tenho minha impressão sobre a mesma, mas prefiro falar-lhe pessoalmente.
    Em 2004, salvo engano, minha irmã enviou-me de São Paulo um exemplar da Revista “Cláudia”, animada por um artigo escrito ali sobre Nísia, de autoria de Constância. Falava da dita lenda do túmulo.
    Recordo-me que vários nisiaflorestenses – muito chateados por se sentirem ridicularizados (e concordo com eles)- me procuraram sugerindo-me responder à revista – inclusive o vereador Jorge Januário foi um dos incentivadores. Mas eu não o fiz. Achei desnecessário, até porque dizem que “até mesmo os maiores historiadores aumentam um ponto”… quem sou eu que apenas gosto da História!!!
    Mas uma coisa é certa: essa lenda da pano para manga.

  3. Vaneza de Azevedo

    Olá! Meu nome é Vaneza, sou estudante de história da UFRJ e estou desenvolvendo minha pesquisa monográfica entorno da figura da escritora Nísia Floresta.
    Achei interessantíssimas as informações sobre o imaginário popular que a cerca, assim como o desconhecimento de sua atuação política coeva as reivindicações, não somente de âmbito nacional, como também internacional – defesa dos direitos de inserção social ampla às mulheres, revolta contra o império e sua forma avassaladora de sujeição da população.
    Pretendo conhecer a cidade de Nísia, a antiga Papari, e poder vivenciar um pouco do que foi relatado, pois mesmo que com distorções gritantes, a reação popular é reverberação e vigor de algo que estudamos como passado.
    Parabéns e obrigada Cláudio Marques!
    Gostaria muito de poder trocar e-mails e informações com você.
    Att, Vaneza de Azevedo.

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