Por Agripino Junior, do Nísia Digital.
Deixando de lado o tão comentado “legado da Copa do Mundo”, que foi motivo de tantas manifestações (e muitas badernas), comento, agora, a Arena das Dunas como mero estádio de futebol. Estive no local no último dia 13 de junho, quando lá jogaram as seleções do México e Camarões. O momento foi a realização de um sonho, para mim, que, como amante de futebol, não poderia deixar de assistir a uma partida de mundial na terra em que nasci.
O inusitado, no dia da inauguração oficial do estádio, o público e jogadores se depararam com uma convidada inesperada: a chuva. Um verdadeiro toró, como a gente fala no interior. Naquelas horas que antecederiam ao jogo, ninguém poderia imaginar o que aquelas chuvas fortes e constantes de dias seguintes poderiam provocar: as cenas preocupantes como as do Morro de Mãe Luíza.
Ao chegar a Natal, o carro onde estava foi deixado no estacionamento de um shopping localizado há alguns metros depois do estádio. A intenção era pegar os ônibus que seriam destinados àqueles que possuíam ingresso. Houve muitos minutos de espera, no entanto os ditos transportes não apareceram. Um grupo de pessoas reclamava diante da falta de informações nas paradas de ônibus.
Passada a primeira frustração, fomos – debaixo de chuva – a um outro local que estava servindo de estacionamento. Esse outro ponto era menos longe do estádio. A preocupação da gente aumentava tendo em vista a iminência de o jogo iniciar. É a característica bem comum, durante a realização de eventos, o local de estacionamento ficar distante, para deixar as vias livres para a passagem dos torcedores.
Nessa travessia, deparamos com o início de alagamento perto dos acessos ao estádio, porém como todos já estavam encharcados, nem incomodou tanto. O fluxo de pessoas era grande, e as exigências referentes aos objetos que cada torcedor podia levar ao estádio eram grandes. Embora fosse mecanismo para nossa segurança, o processo ficava mais lento. Entretanto, a partir dali, o acesso à Arena foi até tranquilo.
Ao chegar ao interior do estádio, o ponto que atraiu a nossa atenção foi a beleza. Realmente “as Dunas” se destacam, e o espaço é realmente um dos mais majestosos dentre as obras esportivas erguidas devido à Copa do Mundo no Brasil. A sensação sentida foi excepcional, especialmente por estar participando de um momento tão especial em nossa terra natal, mesmo com tanta chuva.
Exceto o furto que praticaram ao final da partida, quando roubaram coletivamente cervejas, os mexicanos deram um verdadeiro show de animação e simpatia. Eles foram a maior fatia dos 39 mil torcedores que acompanharam a partida vencida pelo México por 1 a 0, gol marcado por Oribe Peralta. Tive a oportunidade de interagir com eles e percebi que a mistura de cultura é algo muito enriquecedor.
Um ponto bastante explorado pela imprensa foi as diversas goteiras que surgiram no interior do estádio. Parte do ponto destinado às equipes de TV também ficou molhado, dificultando o trabalho das mesmas. A água também caiu bastante no espaço destinado a venda de comidas e bebidas, além dos banheiros. As goteiras deixaram um visual nada agradável para muitos torcedores.
Mediante esses atropelos, pode se perceber que a organização, no geral, não foi tão boa. Havia dificuldade de achar os locais corretos para se sentar. Tinha os números das cadeiras, todavia carecia de melhor indicação sobre o setor e as colunas onde os torcedores deveriam ficar, conforme constava nos ingressos, que tiveram valores bem salgados.
Em contrapartida, a estrutura, o gramado recebeu elogios dos protagonistas do espetáculo: os jogadores. A imprensa também elogiou. Realmente, o sistema de drenagem do campo funcionou de uma forma incrível, pois nenhuma grande poça foi vista, mesmo com as fortes chuvas que não deram uma trégua sequer.
É verdade que ainda há muito a evoluir, no entanto, a Arena das Dunas foi palco de um momento histórico para o esporte do Rio Grande do Norte. Agora é torcer para que, de alguma forma, ela ajude a impulsionar o esporte no Estado, que tem ABC e América como os únicos clubes que despontam em cenários nacionais, por ambos estarem sempre disputando a Série B do Campeonato Brasileiro.
Sabe-se que os recursos para as obras no entorno do estádio foram destinados previamente. E o que se espera é que os serviços que não ficaram prontos ou incompletos tenham prosseguimento após a Copa. Se isso acontecer, melhor será para a mobilidade urbana da capital potiguar. O cidadão precisa monitorar e, quando necessário, cobrar para que o restante da obra seja concluído.
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