MITOS E LENDAS DE PAPARY: O “ENVULTADO” DO PORTO

Por Cláudio Marques, professor e colunista do Nísia Digital.

vultoEm Nísia Floresta existe uma história que poucos conhecem: de um homem chamado de seu João, que morava na comunidade do Porto, quando essas terras ainda eram chamadas de Papary. João se envolveu com uma mulher que morava no Alto Monte Hermínio, outro bairro da cidade. Mesmo assim, em um certo dia por motivo de infidelidade por parte da mulher, num acesso de fúria, ele a matou e fugiu para casa de sua mãe.

Os familiares da assassinada, que eram de outra cidade, vieram e ao prepararem o corpo da falecida, fizeram um feitiço enterrando com ela uma medalha, com o objetivo de fazer com que João não consegue fugir da cidade de forma alguma. E a magia, motivada pela vingança, funcionou.

Por mais que corresse, João não conseguia sair da cidade. Sempre acontecia alguma coisa: ou a polícia o via, ou ele caía. Então ele recorreu as forças do além para quebrar isso. Sabe-se lá como, ele arranjou um livro de São Cipriano. Dele retirou um feitiço para que ficasse invisível ou se transforma-se em algum bicho ou objeto, para que conseguisse escapar sempre que fosse procurado.

Certa vez, quando João estava em casa, almoçando com sua mãe, a polícia entrou abruptamente na casa a fim de prendê-lo. Mas ao olhar para mesa só viram a mãe de João (ele estava lá, só que os policiais não o viam). A dona da casa então perguntou:

– A quem procuram?

– Seu filho, João. – Respondeu um dos soldados.

– Estou sozinha. Não estão vendo? – Disse ela, sabendo que o procurado estava ao seu lado.

Como não o encontraram novamente, os soldados se retiraram da residência e continuaram sua busca pelo foragido.

Outra vez, dois soldados em perseguição a João, entraram em uma fazenda pensando que daquela vez ele não escaparia. Entretanto, em um passe de mágica, João se transformou em um troco de coqueiro caído. Sem tem ideia de suas habilidades sobrenaturais e como não viram o suspeito, os homens da lei acabaram desistindo.

Enfim, como “o que é do homem, o bicho não come”, tentando solucionar o mistério, chamaram um padre e dois bispos católicos que oraram e quebraram o feitiço maléfico. Após isso, a polícia, depois de muito penar, conseguiu prender o meliante, que pagou pelo crime que cometeu, morrendo na prisão.

Desde aquela época, as pessoas dizem que ele era um vulto, ou o “envultado” do Porto.

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