Por Pe. Fábio Pinheiro Bezerra, para o Nísia Digital.
A Igreja inteira acompanha com trepidação os últimos dias do luminoso pontificado daquele que reina gloriosamente como legítimo sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI. Como todos estão sabendo o nosso querido Papa renunciará no dia 28 próximo. E sua renuncia, que no meu ponto de vista foi estarrecedora e simultaneamente edificante, foi uma resposta ao mundo atual, de humildade e ao mesmo tempo de nobreza, pois desde o inicio de seu pontificado, não se fazendo fraco ou imperfeito, se apresentou assim: “Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações.” (Bento XVI, Terça-feira, 19 de Abril de 2005).
Deste modo entendemos que na atitude heroica de Sua Santidade, em meio a um mundo, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé em que se valoriza muito a posição social em que se exerce, o status pelo status, nos oferece a virtude de alguém ‘grande’ que se faz ‘pequeno’, para enaltecer a humildade como caminho da perfeição cristã. Diante da grandeza de Deus, reconheceu o Papa a sua pequenez e confiou nas palavras que sustentaram o Pe. Kentenich (Fundador da Família Shoenstattiana): “Deus faz grandes coisas somente por meio dos pequenos!”
Por que renunciar? Ao romper com óbvio, ao renunciar ao poder, ao fazer opção pelo anonimato, ao revelar a todos os seus limites e fragilidades, o Papa sublinha o primado de Deus sobre a história humana, enriquece-nos com um testemunho de coragem e esperança e deixa-nos escrita uma página de evangelho vivido. A Renuncia de Bento nos apresenta ainda que na Igreja não se ocupa cargos e sim serviços no amor. Entendemos ainda sua renuncia com base no que disse no último Angelus de seu pontificado: “para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas, isto não significa abandonar a Igreja! Ao contrário, se Deus me pede isso, é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças.”
E ainda mais a renúncia de um papa está prevista no Código de Direito Canônico, que depois do Evangelho rege a Igreja Católica, nele se estabelece que para que seja válida é necessário que seja livre e especifica que não precisa ser aceita por ninguém. “Se o Romano pontífice renunciar a seu ofício, requer-se para a validade que a renúncia seja livre e se manifeste formalmente, mas que não seja aceita por ninguém”, estabelece o cânone 332,2 do Código de Direito Canônico.
Assim com a Sede Apostólica vacante a partir de 28 de fevereiro de 2013 às oito da noite de Roma, nós cristãos católicos desde já rezemos pela eleição do Novo Papa e que conduza a Barca de Pedro com sabedoria e humildade, na certeza que a Igreja é conduzida pelo Espírito Santo.
Sua santidade Bento XVI deixou a sua marca e será lembrado em nossos corações como um homem de fé, grande teólogo, um homem de uma elevadíssima reflexão ética e moral, um grande pastor e servo de todos, que se sentou na Cátedra de Pedro e a deu mais dignidade. E como disse em suas palavras no Consistório com os cardeais: “gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração”. Acompanhemos portanto, com esperança e oração fervorosa, a assistência do Espírito Santo na escolha do Novo Pastor da Igreja de Cristo. Eis um homem (Bento XVI) inteiramente “Servus Servorum Dei” (Servo dos Servos de Deus).
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