No último dia 26 de julho, comemoramos o Dia dos Avós. Isto pelo fato de que celebramos liturgicamente o dia de Santa Ana e São Joaquim, os Avós maternos de Jesus Cristo. As manifestações de afeto e reconhecimento são bem externadas. Os netos, hoje, com uma facilidade um tanto quanto maior, fazem questão de dizer, via mídias sociais, o significado de cada experiência vivida com eles e como os Avós são importantes para a vida de cada um. Realmente, quem teve a dádiva de conviver com os Avós, tem sempre uma marca de seus atos de amor e ternura, que influenciam profundamente as nossas vidas e nos fortalecem emocionalmente para os desafios da nossa existência.

Culturalmente, relacionamos os Avós com a velhice. O dia a dia nos mostra que não é bem assim. Encontramos, amiúde, Avós com idades não tão avançadas. O que precisa ser enfatizado é que todos os laços familiares são fortalecidos quando há amor. Eis o fundamento imprescindível de toda e qualquer família. O amor dilata o sentimento de pertença a uma comunidade humana. Sem amor, a família não tem alma. A base insubstituível que faz com que em todas as famílias floresçam a vida e a alegria é o amor. Os Avós têm um significado que confirma o que faz com as relações familiares sejam reconhecidas como lugares de fidelidade, perseverança, confiança e ternura. A presença deles em nossas vidas nos faz enxergar que na família não pode deixar de existir cuidado. Quem ama cuida e faz com que esse sentimento torne perene o sentido da vida. Somos seres necessitados de cuidados e, por isso, somos chamados a cuidar. Os Avós, talvez, sejam no ambiente familiar, aqueles que mais revelem o significado da experiência da doação, como meio privilegiado do cuidado. Por eles, há uma integração entre o sentido do antigo e do novo. O Papa Francisco faz constantes observações nesta direção, quando afirma a importância dos Avós e dos mais velhos como protagonistas privilegiados da construção da História e da memória de um povo. Aqui, cabe dizer, pela identidade de uma família e de uma comunidade.

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Foto: Arquivo/Nísia Digital

As novas gerações precisam estar muito atentas a estes valores. A Europa, por não ter ouvido a voz dos profetas da contemporaneidade, está vendo e sentindo a liquidificação das suas raízes culturais. Na América Latina, ainda há sinais de esperança. Temos que assumir esta responsabilidade com a nossa História e, porque não dizer, com a nossa civilidade. Fiquemos atentos para não termos futuras gerações que abandonam seus idosos e de jovens que se suicidam com freqüência. Infelizmente, já existem fenômenos preocupantes. Quiçá, uma dose de prudência e previsão seja muito importante. Há muitos filhos abandonando seus pais e Avós em abrigos, nas ruas; e os maltratam até nas suas próprias casas. Parece contraditório; porém, é notório que a Humanidade está perdendo a sua humanidade. Neste aspecto, vemos que a vida de Joaquim e Ana, deveras, tem algo elementar a nos ensinar: A confiança nas promessas de Deus qualifica o desenvolvimento da História; pois, o que nós devemos fazer hoje pelos nossos Avós e idosos, é o que esperamos que as futuras gerações façam por nós, amanhã. Cabe uma meditação sobre esta preocupação. Há uma urgência da fidelidade à História, que é construída no espaço e no tempo em que agimos.

Por isso, nossa homenagem, feita com amor e respeito, aos Avós, jovens ou mais idosos, que são para todos, um sinal eloqüente e genuíno da gratuidade de Deus, que, no seu Filho, Jesus Cristo, pela sua humanidade, nos concedeu Santa Ana e São Joaquim como nossos Avós. Nosso amor e gratidão a eles, sempre. Assim o seja!

Por Padre Matias Soares
 Pároco de São José de Mipibu
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