Por Agripino Junior, do Nísia Digital.
O tema abordado pela conferência popular, promovida pela Paróquia de Nossa Senhora do Ó, em Nísia Floresta, merecia um público bem maior do que esteve presente na manhã desta quinta-feira (10), no Centro Pastoral Isabel Gondim. O momento foi realizado para apresentar, de forma mais detalhada, o tráfico humano e como ele funciona em suas diversas ramificações. Essa é uma realidade bem presente em terras nisiaflorestenses, diferente do que alguns imaginam.
Além do Padre Ajosenildo Nunes, pároco local, e dos palestrantes Diácono Francisco Adilson da Silva, e o professor e economista Aluísio Alberto Dantas, o evento contou com a presença da Câmara Municipal, com os veadores Eugênio Gondim, Caristia, Zé Nilton, Linderval e Jorge Januário – esses dois últimos até o final, sindicatos dos trabalhadores rurais e servidores municipais e do conselho municipal de saúde. Uma falta bastante notada foi a de um representante do Poder Executivo, já que a prefeita Camila Ferreira estava em um evento no Tribunal de Contas do RN. Não houve também representação do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Em sua fala, que teve como foco o texto base da Campanha da Fraternidade 2014, o Diácono Adilson abordou a “desigualdade social como grande fator para a existência do trabalho escravo e da exploração sexual”. Citou ainda falta de políticas públicas voltadas para a verdadeira valorização do ser humano, além de responsabilizar o “sistema extremamente capitalista” pela má distribuição de renda.
O professor universitário Aloísio Dantas, que também leciona no Seminário de São Pedro, abordou a doutrina social da Igreja. “Como cristãos que somos, não podemos ser coniventes com aquilo que tira a dignidade humana”, disse. Ele também abordou a grande concentração de renda em uma pequena fatia da sociedade. “O Brasil é um país rico de miseráveis”, definiu Aloísio na parte de final de sua explanação.
Quando foi aberto o momento para o público fazer seus questionamentos e colocarem seus pontos de vistas, algumas questões foram discutidas: a falta de emprego digno, inexistência de políticas públicas eficazes para formação das pessoas, a demora na realização de um concurso público, o avanço da criminalidade, não preenchimento adequado do tempo ocioso dos jovens, entre outros. Situações que ocorrem em Nísia Floresta e que facilitam o aparecimento ou desenvolvimento do tráfico humano.
O próximo passo, segundo o Pe. Ajosenildo, é realizar uma audiência pública na Câmara Municipal e nesse momento, apresentar reivindicações elaboradas a partir da conferência. O legislativo já afirmou que é de acordo e basta organizar as pautas e ver uma data mais propícia para realização da audiência.
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