Por Cláudio Marques, professor, graduando em história e colunista do Nísia Digital.
Longe de um ato revolucionário de caráter popular, o 7 de setembro de 1822 foi uma manobra política da burguesia aristocrática brasileira, que ao enxergar uma possível recolonização no Brasil por Portugal procurou “agilizar” o processo de independência. É fato também que D. João apoiado pela elite e por grandes proprietários de terras brasileiras, acreditava na possibilidade dele (D. João) governar Portugal e D. Pedro continuar governando o Brasil.
Sabe-se também do cuidado que D. João teve nas vésperas de voltar para Portugal, em deixar seu filho o português: Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, ou simplesmente D. Pedro, como príncipe regente do Brasil; e alerta-lo de que seria melhor proclamar a independência antes que alguma outra pessoa o fizesse.
Esse temor existia por vários motivos:
· Várias revoltas de caráter separatistas ocorreram no Brasil.
· Uma onda de libertações ocorria na América desde o século XVIII.
· A grande quantidade de africanos escravizados no Brasil se fazia temer o exemplo do Haiti.
· Perda do poder monárquico para os Liberais Radicais.
Começou a existir no Brasil o chamado Partido Brasileiro, composto por fazendeiros, altos funcionários e ricos comerciantes, que contava com as lideranças de Joaquim Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa (ambos brasileiros, maçons, sendo o primeiro editor do jornal fundadores por Januário Cunha) além de José Bonifácio de Andrada e Silva (brasileiro filho de aristocratas portugueses).
Ao contrariar a corte portuguesa em 9 de janeiro de 1822, com a decisão de ficar no Brasil D. Pedro atraiu o descontentamento do pai D. João VI e de seu país de origem. D. Pedro voltava de São Paulo, onde fora visitar comarcas para acalmar os ânimos após uma rebelião contra José Bonifácio.
Segundo a história oficial era tarde do dia 7 de setembro de 1822, próximo ou riacho Ipiranga, D. Pedro recebeu do mensageiro Paulo Bregaro, três correspondências: A primeira carta era de seu pai D. João VI, que exigia o retorno imediato de D. Pedro para Portugal e anulando as decisões do regente. A segunda carta de José Bonifácio contendo suas considerações e aconselhando D. Pedro a romper com Portugal. E a Terceira carta de Dona Leopoldina, sua esposa, que apoiava José Bonifácio, contendo a metáfora: “O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece“.
Então num ato que aparenta muito mais de ira, D. Pedro brada a célebre frase: “Independência ou Morte”. Simples assim. Sem participação popular, se quer de grande comitiva para atestar o fato, sem revoluções que pudessem orgulhar uma glória de independência.
O que não temos como saber é se D. Pedro estava bem no momento ou se agiu sem pensar. Veja a situação: Seu pai e a corte contra; seu chefe de Conselho de Estado e a esposa, pressionando-o contra o pai; várias revoltas separatistas e até republicanas contra; em meio a uma viajem estafante.
De qualquer modo com a Independência do Brasil proclamada, D. Pedro agora seria chamado D. Pedro I Imperador do Brasil. Com apoio das elites brasileiras se manteve no poder até 1831 (fim do Primeiro Reinado) e seu privilégios; que mesmo abdicando deixa seu filho D. Pedro II que continua a sua dinastia.
Todavia é importante celebrar o 7 de setembro como Independência política do Brasil, como um passo muito importante para os demais processos de desenvolvimento econômico e político do nosso país.
Curiosidade: Das nações da América, o Brasil foi o último a se tornar independente.
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