Por Cláudio Marques, professor e colunista do Nísia Digital.

No Rio Grande de 1607 várias etnias indígenas compunham os nativos da capitania. Os Potiguar, Potiguara e Pitiguar (Petiguara), eram grupos que viviam no litoral da Capitania do Rio Grande, faziam parte do grupo dos Tupis. Na região que compreende hoje aos municípios de Nísia Floresta, São José de Mipibu, Arez e Macaíba existiam os Guaraíras citados por Tarcísio Medeiros como “os mais inteligentes”. Eles tinham em média 1,65m de altura, alegres, olhos pequenos e cabelos lisos. Segundo o autor tinham o hábito de “tirar” seus pelos da barba, cílios e sobrancelhas; gostavam de enfeitar-se com acessórios colocados em perfurações no nariz, orelhas e lábios.

Com o advento de leis pombalinas, que de certo beneficiava latifundiários, a aldeia dos Guaraíras “uniu-se” aos Mipibú, por serem relativamente pequenas.

Segundo Câmara Cascudo por volta 1645, especificamente em Nísia Floresta eram os Para-Wassu (Paraguaçu) pertenciam pois aos Guaraíras; tinha esse nome por razão do Rio Paraguaçu, como o significado de ”Rio Grande”. Hoje o que antes era chamado de Rio Paraguaçu, é conhecido por Rio Papary, que por ser abundante em pesca de camarão e peixe – pelo menos era, pois devido as degradações ambientais sofreu bruscas redução de seu pescado – era de grande importância para os grupos que lá viviam.

A fartura era tamanha que a pesca artesanal era feita em pequenas embarcações, galhos de árvores colocados em cima da canoa, enquanto iam batendo na água, os peixes pulavam e emaranhavam-se nos galhos.

Em Nísia Floresta a agricultura de subsistência e a pesca sempre fizeram parte do cotidiano do povo que aqui morava. Mesmo com a introdução do gado, a pesca foi o sustendo de muitos em nossa cidade.

O Rio Papary ou Lagoa de Papary, é mais parecido como uma laguna (laguna se refere a uma depressão formada por água salobra ou salgada, localizada na borda litorânea, comunicando-se com o mar através de canal, constituindo assim, uma espécie de “quase-lago”.) (Wikipédia)

O Rio Papary além de tudo era também rota fluvial entre cidades e, de muito serviu de rota para se chegar até a Praia de Camurupim. Onde costumeiramente saia-se de canoa por um estreito – hoje muito mais estreito – canal localizado na comunidade do Porto, que dá até ao Rio Papary com sua chegada na foz do Rio Camurupim. Atualmente não se é mais possível realizar todo esse trajeto, pois com a construção de barreiras artificiais, e o processo de locomoção de dunas provocado por força eólica obstruíram a passagem.

Com certeza a cultura, força, técnicas simples de navegação e espírito dos nativos estão enraizados em nós, nisiaflorestenses, brasileiros.

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