Por Yuno Silva, da Tribuna do Norte.
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Foto: Projeto Memória. |
Mobilidade e interação
No momento há um profissional contratado pelo Iphan, Hélio Oliveira, concebendo o projeto museográfico. “Paralelamente estamos buscando acervo com pessoas que ainda resistem em compartilhar parte desse capítulo importante da nossa história”, adianta a professora Rejane de Souza, nascida em Nísia Floresta e uma das coordenadoras do museu. “Nossa intenção é criar um espaço multiuso para integrar toda a comunidade, com espaço para exibição de vídeos, galeria de arte, sala de leitura e biblioteca”, complementa.
Para fugir do lugar comum, a proposta para movimentar o Museu Nísia Floresta inclui elementos multimídia e formas interativas de apresentar o acervo. “Temos que pensar em maneiras de tornar o espaço atrativo não só para visitantes para a própria população da cidade. Queremos atender as escolas da região e oferecer oportunidade aos professores trabalharem assuntos que envolvem a memória, a identidade cultural e a própria auto-estima da população”, planeja Rejane. Dentro da proposta ainda há previsão de se criar uma sala para desenvolvimento de pesquisas sobre Nísia Floresta e seu legado e aquisição de equipamentos, “que irão tornar o museu atraente não só para estudiosos como para jovens interessados em produzir conteúdo audiovisual”, aposta Raimundo Melo.
Intercâmbio cultural
Antes mesmo de começar a funcionar, o Museu Nísia Floresta já movimenta a cidade: entre dezembro de 2010, quando o endereço do espaço cultural foi enfim definido, e março de 2011, início da reforma do imóvel, uma série de atividades foram realizadas pelos coordenadores do projeto.
“Promovemos oficinas de artes, exibição de filmes, contação de histórias e apresentações culturais. Recebemos a visita de escolas, da professora e pesquisadora gaúcha Graziela Rosa (que estuda o legado de Nísia Floresta), e iniciamos o intercâmbio com jovens da Alemanha, país visitado por Nísia Floresta quando ela morou na Europa – inclusive há um livro sobre essa viagem publicado em francês de 1857”, esclareceu Rejane de Souza. Essa interação com os alemães será intensificada em janeiro de 2012, quando o museu já deverá estar funcionando.
Entre os parceiros do museu figuram o Canal Futura e a Programadora Brasil, que irão contribuir com a movimentação da sala audiovisual; e a Fundação Banco do Brasil, colaboradora do acervo do museu. “A Fundação BB já autorizou a utilização das pesquisas publicadas em 2006 no ‘Projeto Memória’”, comemora Raimundo Melo.
Cidadã do mundo, Nísia Floresta (1810-1885) lançou 15 títulos e seu primeiro livro, “Direito das mulheres e injustiça dos homens”, foi publicado quando tinha apenas 22 anos. Morou em Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro antes de ir morar na Europa em 1856 – onde publicou livros em francês e italiano, e permaneceu por duas décadas antes de voltar ao Brasil para temporada de três anos. Em 1875 retorna ao Velho Continente, onde falece dez anos mais tarde. Seus restos mortais são trazidos para o Brasil apenas em 1954, e são definitivamente sepultados em mausoléu na cidade que leva seu nome.