Por Pe. Matias Soares, Pároco de São José de Mipibu.
Como já é sabido, no mês de Maio, a Igreja confirma e manifesta publicamente a especial devoção que os cristãos católicos têm, e devem ter, a Nossa Senhora. Sem dúvida, a experiência religiosa dos cristãos de todas as gerações (Lc 1,48) é carregada da mais singela e pura afeição a Maria Santíssima, Mãe de Deus e Mãe da Igreja (LG, Cap. VIII).
Sem dúvida, na modernidade, existe uma forte tendência de ser relativizada a cultura da vida. Precisamos reevangelizar as mentes e corações para amar a vida. Para que isto aconteça a própria verdade não pode ser menosprezada. O direito só será Direito se estiver fundado na verdade. De outro modo, a sociedade passará a ser filha do Nada (Michel Foucault). Em recente artigo fiz esta reflexão quando falei da problemática de darmos destaque, nos tempos de hoje, para celebração da mentira, quando afirmei que “a humanidade pode e deve celebrar sempre a verdade. Só ela nos fará livres (Jo 8,32). A melhor escolha que as pessoas podem fazer é viver a verdade. Não negá-la. Sua prática mudaria as relações humanas e globais. A justiça seria desvelada em todos os lugares. A vida teria sua dignidade garantida desde a sua concepção ao seu fim natural. A celebração e a experiência da mentira são a negação destes e outros valores, que mostram que nascemos e vivemos para o que é de Deus. Quanto mais amantes da verdade formos, mas nos tornaremos humanos”.
Recentemente o Supremo Tribunal Federal considerou legítimo o aborto das crianças que fossem portadoras de anencefalia, ou seja, com má-formação fetal do cérebro. Um dos argumentos mais citados foi o respeito à liberdade da mulher para poder abortar o próprio filho. Mas um questionamento deve ser feito: pode a liberdade ser usada como argumento para que uma pessoa tire a vida de outra? No caso da anencefalia não pode ser nem discutido o fato de que o feto tem vida. “Pode até ser considerada uma vida sem liberdade; mas, ‘jamais’ uma liberdade sem vida”! Isto para dizer que o princípio mais importante que condiciona quaisquer direito humano é a vida (CF, cap. 5; CC 2; ECA 4). A lei está posta e todos sabem que os senhores juízes são peritos na matéria. Mas fica o questionamento: quais as reais intenções e propostas futurísticas que ainda advirão, tendo-se em vista as ideologias que fomentam uma liberdade comprometida com a morte? Este Estado Democrático de Direito não deve estar comprometido com a vida? Que tipo de analogia pode ser feita entre a permissão destas práticas e as atrocidades também legitimadas pelo Estado Alemão na II Guerra Mundial? Uma provocação posta pelo Papa Bento XVI quando visitou Auschwitz foi: onde estava Deus quando tudo isto aconteceu? Com o teólogo da Teologia Política, João Batista Metz, podemos ainda pensar: o que está acontecendo com o homem para fazer com que tudo isto aconteça? O Concílio Vaticano II nos oferece uma Luz ao afirmar que “o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado” (GS 22). Este sendo acolhido no seio Daquela que disse sim à Vida, fez com que ela, a Vigem Maria, seja reconhecida como Mãe e Senhora Desta.
Por fim, cantemos com Nossa Senhora, muito especialmente, neste mês mariano, o Magnificat e supliquemos que nossa alma glorifique ao Senhor e que nosso espírito alegre-se em Deus, Nosso Salvador, que vendo nossa pequenez nos conduza e converta a sermos promotores da vida e nunca da morte! Assim o seja!
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