Saudade é o sertão de minha infância
acordava com cheiro do café na cozinha
sob a mesa alegravam-se sete crianças
crepitava a lenha exalando o cheiro da papa com farinha.
Saudade é o sertão da minha infância
No alto da Serra de Santana, no Seridó
Novembro e dezembro tempos de bonanças
Colhíamos roçados de cajus, clima frio doía o mocotó.
Saudade é o sertão da minha infância
Em épocas de estiagem aquarelavam matas secas
O mulheril reverenciava manhãs com canto de intinerância
Roupas alvejavam as margens dos açudes
moleques brincava de peteca.
Saudade é o sertão da minha infância
Comer melado de rapadura com bejú
Assistir o sol se pôr com elegância
Jantar bolacha assada com café ou suco de caju.
Saudade é o sertão da minha infância
Tantas vezes se comia preá torrado com farinha
Não fosse a seca tão brava conto isto com ofegância
O sertanejo agredia a natureza ou não escapava naquela terrinha.
Saudade é o sertão da minha infância
Quando chovia a água cicatrizava o solo rachado
E a molecada fazia folia com tal abundância
O gado na caatinga não fugia
papai tocava o aboio sentindo-se abençoado.
Saudade é o sertão da minha infância
Coisa mais linda era o mandacaru florindo
O sol pintando o céu de vermelho com elegância
E eu na frente do espelho me embonecando.
Saudade é o sertão da minha infância
À noite todos se juntavam na calçada
Histórias eram contadas com a benção da lua toda cheia de exuberância
A criançada brincava de passa o anel e tô no poço
eram noites abençoadas.
Saudade é o sertão da minha infância
Adormecer ao som da viola do repentista
Despertar com Luiz Gonzaga artista de grande importância Cresci com os ensinamentos dos meus pais do sertão – hoje sou ativista!
Poema Saudade do Sertão, por Eliete Marry.
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