Por Agripino Junior, do Nísia Digital.
Está chegando ao fim o período do Padre José Lenilson de Morais à frente da Paróquia de Nossa Senhora do Ó, em Nísia Floresta. Como podemos observar pelas manifestações e mensagens sobre sua saída nas redes sociais e também na rádio, o Nísia Digital decidiu fazer essa entrevista para esclarecer alguns pontos. Na entrevista ele fala sobre vários momentos do período que permaneceu em Nísia Floresta. Confira a entrevista completa abaixo:
Nísia Digital: Quando e como o Senhor recebeu a notícia que estaria sendo transferido para a Paróquia de Nossa Senhora do Ó em Nísia Floresta?
Padre Lenilson: Recebi a notícia que viria para Nísia Floresta, assumir a Paróquia de nossa Senhora do Ó, quando já estava atuando como Vigário Paroquial de Santa Rita de Cássia em Santa Cruz a mais de dois anos e meio. Ao receber a notícia, logo procurei pesquisar sobre a Cidade, a Escritora e a Paróquia. A primeira fonte foi o Nísia Digital (ND), depois o seminarista João Batista me repassou um breve e rico resumo da Paróquia. Fiquei muito feliz e entusiasmado.
ND: Ao chegar em nossa cidade em qual situação o senhor encontrou na paróquia?
PL: Bem, todas as Paróquias teem seus momentos de alto e baixo. Isto é normal na vida da Igreja. A acolhida foi muito fervorosa, mas logo senti que as pessoas estavam meio que “desconfiadas” e até um pouco frias, confesso sinceramente. Havia também algumas pendencias econômico-administrativas, o que me causou muita preocupação, pois era minha primeira experiência como administrador.
ND: Quais os pontos o senhor destacaria no aspecto pastoral e administrativo de seu período aqui em Nísia Floresta?
PL: Esta pergunta poderia ser respondida por cada Comunidade. Não é bom relembrar os próprios feitos, porque, na verdade, tudo só foi possível, graças ao trabalho de comunhão com o Pe. Fábio Pinheiro e a confiança que depositamos em cada conselho das Capelas. Só quero destacar uma coisa, que creio ser o mais importante: as pessoas voltaram a sentir-se mais Igreja. Uma catequista lá de Currais disse uma frase que, para mim, foi a maior recompensa: “perdemos o medo que tínhamos de nos aproximar do sacerdote”.
ND – Como se deu o processo de sua transferência da paróquia de Nossa Senhora do Ó para a de Sant’Ana e São Joaquim em São José de Mipibu, e também da nomeação de Pe Fábio Pinheiro como pároco de Nísia Floresta?
PL: O processo foi algo bem pensado e amadurecido, ao contrário do que se comenta. Não houve precipitação. Meu caro irmão Pe. Fábio já estava pronto para assumir uma paróquia e poderia ser transferido para qualquer outra cidade, mas vendo o seu dinamismo pastoral e sua grande capacidade para lidar com a parte burocrática, vi que seria uma perca para a Paróquia se ele aqui não continuasse. Eu, ao contrário, não me realizo muito tendo que passar horas e horas em meio a papeis, contas, ofícios etc. Por isto, me coloquei a disposição da Arquidiocese, inclusive pensamos que poderíamos apenas trocar a funções, o que teria sido ótimo. Porém, Pe. Valtair Lira Lucas – que estava como Vigário Paroquial em S. José – foi nomeado para Chanceler e Pároco de S. Camilo em Natal. Como São José de Mipibu tem o dobro de capelas de Nísia, fui convidado a ajudar Pe. Matias Soares; sabendo que Nísia ficaria em boas mãos, aceitei de bom grado a nomeação.
ND: Houve alguma cena que o senhor presenciou em nossa cidade e que lhe marcou muito?
PL: Sim. Na verdade, duas ficaram bem presentes. Uma que foi o acidente com fogos que tirou a visão de um olho de nosso irmão José Antônio. Aqui tive dupla experiência: vê-lo caído na praça da Matriz parecia o fim de tudo, mas revê-lo vivo e se recuperando no hospital, no dia seguinte, foi uma prova do amor de Deus e de Nossa Senhora por ele e por nós. A outra cena foi a Carreata dos motoristas de 2011. Nunca tinha visto algo semelhante. Neste dia, vi que havia católicos por toda a parte e eles resolveram sair e mostrar o rosto.
ND: Todos os seus objetivos em Nísia Floresta foram alcançados ou faltou algo?
PL: Nem de perto foram alcançados. Quanta coisa me causou e causa angustia principalmente nas comunidades. Há carência de quase tudo, e nosso povo ainda não é livre. Saio com os questionamentos: o que podíamos ter feito para levar a fé transformadora (não alienante) a este povo de alma tão pura? Como voltarmos a ser comunidades conscientes e lutadores, sem deixarmos de ser Igreja?
ND: Até quando o senhor permanecerá em Nísia Floresta e quando irá ser acolhido em São José de Mipibu?
PL: Permaneço aqui até o dia 30 de abril. De 01 à 12 de maio estarei de férias e serei acolhido em S. José de Mipibu como Vigário Paroquial no dia 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima,
ND: O que a comunidade cristã de nossa cidade deve esperar de nosso novo pároco, Pe. Fábio Pinheiro?
PL: Conheço Pe. Fábio desde o tempo de Seminário, inclusive fui seu professor e vice-reitor. Tenho certeza que ele continuará firme nos projetos pastorais, que foram idealizados por nós em plena comunhão como os fiéis leigos. O seu zelo eucarístico, sua dedicação à formação bíblico-doutrinal (por exemplo na Escola da Fé) e sua capacidade administrativa são apenas alguns aspectos que o povo de Deus não só deve esperar, mas já observa no seu futuro Pároco.
ND: Deixe uma mensagem para o povo de Nísia Floresta
PL: Nísia Floresta é rica em natureza, em história, em cultura e na sua fé cristã. Não deixem ser alienados por ninguém. Salvem as lagoas, busquem por seus direitos, cortem a corda de qualquer pessoa que os queiram “encabrestar”. Aprendam das lições passadas e vivam mais unidos na busca dos seus sonhos e ideais que, só se realizarão se superarem as barreiras dos preconceitos e dos “azedumes” do passado. Olho bem aberto para frente. Cristo é a luz! Abri para ele as porta das casas e dos corações.
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