FRAGMENTOS DA HISTÓRIA – NÍSIA FLORESTA NÃO ERA À FRENTE DE SEU TEMPO

Por Cláudio Marques, colunista do Nísia Digital.

Ao que se diz de Dionísia que era “uma mulher à frente do seu tempo”, com os estudos de historiografia brasileira é perceptível que tanto Nísia Floresta quanto Capriciano de Abreu, José de Alencar entre outros que são chamados “à frente de seu tempo”. A interpretação literal do título deste não pode ser superestimada, pois como se pode dar isso? Então eles previam o futuro? Pensavam como seria o amanhã?

Não definitivamente, não. Talvez na tentativa – e por justa, bem feita – de enaltecer a personalidade e valorização de Nísia Floresta, criou-se essa “jaculatória”: “Nísia Floresta uma mulher à frente de seu tempo.” Não quero de forma nenhuma desvalorizar a capacidade intelectual, produtiva e a mente brilhante de lúcida de idéias para sua época.

Trago o sentido e outro olhar sobre a frase que norteia esses escritos. Assim como outras mentes anteriores e posteriores a nossa Dionísia. Pense nisso: são pessoas privilegiadas por terem condições – ou buscarem – conhecimento em um período que poucos tinham oportunidades ou se interessavam; seu olhar era diferenciado, contrário ao senso comum da época no que se refere a tradições, costumes, política entre outros aspectos sociais.

Isso não pode ser traduzido como estar à frente do seu tempo cronologicamente ou fisicamente – seria como um pensamento defasado de que estudamos história para evitar os erros passados no presente e no futuro.

O olhar crítico dos autores citados em especial Nísia, propiciou o uso do termo que se refere – “à frente do seu tempo” – logicamente a suas idéias.

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2 respostas para “FRAGMENTOS DA HISTÓRIA – NÍSIA FLORESTA NÃO ERA À FRENTE DE SEU TEMPO”

  1. Rejane de Souza

    Cláudio, não posso deixar de me posicionar sobre sua reflexão sobre “a expressão à frente de seu tempo”. Trata-se de uma expressão que circula, sem problema de sentido, no campo da literatura. Nos estudos literários, é muito pertinente considerar obras dos grandes escritores como se eles fossem viator, alvissareiro, à frente de seu tempo. Isso porque nos estudos comparativos, no campo de mestrado e doutorado, nos deparamos com pensamentos de escritores do século XVII, por exemplo, dialogando com os dos séculos XX. Por isso, a professora doutora Constância Lima Duarte, a grande pesquisadora da obra de Nìsia no Brasil e, talvez, no mundo foi muito feliz quando celebrizou Nìsia Floresta com essa expressão que muito lhe cabe.

  2. Cláudio Marques

    Claro que sim estimada professora Rejane, obrigado por se pronunciar, a senhora está coberta de razão. Meu proposito e visão histórica foi do sentido literal das palavras. Mas longe de mim “criticar negativamente” os títulos que possibilitem a nossa Nísia Floresta. Muito obrigado.

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