DESNUTRIÇÃO & SAÚDE PÚBLICA

Por Ana Maria de Morais, nutricionista e colunista do Nísia Digital.

A Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifatorial cujas raízes se encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente. Pode começar precocemente na vida intra-uterina (baixo peso ao nascer) e freqüentemente cedo na infância, em decorrência da interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas (diarréias e respiratórias). Isso gera a desnutrição primária. Outros fatores de risco na gênese da desnutrição incluem problemas familiares relacionados com a situação sócio-econômica, precário conhecimento das mães sobre os cuidados com a criança pequena (alimentação, higiene e cuidados com a saúde de modo geral) e o fraco vínculo mãe e filho (Ministério da Saúde, 2005).

No Brasil, apesar de estudos epidemiológicos indicarem que a prevalência da desnutrição energético-protéica (DEP) tem diminuído, a doença continua a ser um relevante problema de Saúde Pública no País, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, na área rural do Brasil e nos bolsões de pobreza das periferias das grandes metrópoles, com conseqüências desastrosas para a sobrevida e saúde das crianças (ENDEF-74/75, PNSN – 1989, PNDS – 1996).

É necessário lembrar que existe a desnutrição por carência de nutrientes, aquela que o indivíduo não tem como se alimentar. Como também a desnutrição por outros fatores como: a Anorexia nervosa, por exemplo. Nesta, na maioria dos casos a pessoa tem condições de se alimentar bem, porém se nega, pois mesmo estando magra, desnutrida, se ver no espelho gorda. Dentre outros tipos de carências nutricionais.

Desde 1983 a Pastoral da Criança (que hoje atua em vários países do mundo) vem lutando através de seus líderes contra esta doença. A taxa de mortalidade infantil já diminuiu, porém ainda existe e por isso é necessário a colaboração do poder público, profissionais da saúde e a sociedade civil em fazer sua parte, ou seja, vestir a camisa por uma causa.

Às vezes observamos em propagandas artistas defendendo algo, uma campanha em prol da saúde do idoso, da mulher ou criança. Ponho-me a pensar: “quantas vezes essa pessoa já foi num orfanato, num asilo, numa casa de saúde? Pois é, vestir a camisa não é apenas falar e sim agir, fazer a diferença com palavras e atos. Um país não cresce apenas com grandes indústrias, o desemprego, a desigualdade, a má distribuição de renda, a miséria são fatores que deixam o país a desejar.

Ainda vou mais longe, a Copa do Mundo de 2010 na África. Será que mudou a realidade da miséria daquele continente? Infelizmente a fome, a miséria, a desnutrição são fortemente presentes. Os grandes estádios de futebol estão lá, o povo sofrido e com várias doenças também. Mas, a impressa mundial mostrou apenas a parte boa da África.

Em 2014 será a vez do Brasil, muitas promessas de emprego para a população, bilhões de reais circulando… Espero e rezo que aqui, seja diferente!

O que eu quero dizer com tudo isso, é que as políticas públicas devem ser voltadas para cuidar do ser humano como um todo. Digo, as pessoas precisam ser motivadas a trabalhar; empregos deveriam surgir paras homens e mulheres, para que esses não fiquem em casa esperando o dinheiro de “uma bolsa” para manter toda a família.

É lamentável afirmar que, o mundo produz diariamente alimentos que dariam para toda a população saciar-se. Quero dizer que se a distribuição de renda e alimentos existisse ninguém passaria fome, pois todos os dias toneladas de alimentos são desperdiçados, enquanto milhares de pessoas passam fome.

A prevenção e o controle da desnutrição dependem de medidas mais amplas e eficientes de combate à pobreza e à fome e políticas de inclusão social. No entanto, é responsabilidade dos profissionais de saúde o atendimento à criança e adultos com desnutrição de acordo com o atual conhecimento científico disponível e a atuação efetiva, tanto para salvar as vidas desses, como para promover a sua recuperação e evitar recaídas.

Portanto, o sucesso obtido no tratamento da criança, adulto ou idoso hospitalizado ou não deve ter sua continuidade assegurada por meio de medidas adequadas no ambulatório, na comunidade e no domicílio. Só assim, a desnutrição será um dia vencido e teremos uma população mais saudável e feliz.

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