Por Pe. Matias Soares, Pároco de S. J. de Mipibu e Vig. Episcopal Sul.

É sempre bom sentir que as pessoas gostam de comemorar a Emancipação Política de seus Municípios. Deveria ser uma oportunidade que os munícipes têm para fazer memória da desejosa libertação de algo que os limitava politicamente naquele presente e os impedia de avançar para o novo; para o progresso e o bem destes que estão vivendo em determinado território. Falar de Emancipação é falar antes de tudo de Libertação. A finalidade da política é promover a Liberdade dos que nela estão envolvidos. Mas esta não pode ser tratada numa ordem só objetiva, mas outrossim subjetiva. Não basta estar corporalmente livre dos cárceres prisionais, mas do mesmo modo dos da ignorância que não permite que lutemos pelo que é justo e necessário para a dignidade de todos os cidadãos que estão no cenário das cidades.

Como filhos das cidades e nestas sempre vivendo, principalmente neste nosso Nordeste brasileiro, as comemorações da Emancipação Política ainda são celebradas como a própria política é pensada pelos profissionais desta arte de gerenciar o Poder e a Coisa Pública. Basta que observemos. O analfabetismo político, que é consequência de “como” o próprio desabrochar da história brasileira começou e com quais finalidades, sempre acompanhou esta dinâmica. Talvez aqui, além de pensar na casa grande e a senzala, pudéssemos acrescentar a casa paroquial como contribuinte domesticador deste desarranjo social, para não dizer desigualdade, que hoje nas realidades é visualizado, e pelos meios de comunicação social e pela ausência duma educação de qualidade e libertadora, e progressivamente alimentado.

O que é dito não é fruto do mundo das ideias, mas da leitura da realidade que nós cotidianamente vemos nas periferias das cidades onde vivemos e nas quais servimos. É muito difícil que o Povo desperte para ver esta triste realidade sem uma educação democratizada e sem uma mídia comprometida com a ética e a justiça social. E ainda, temos que considerar que a maioria que é eleita não tem projeto de Estado, mas de manutenção de poder; sendo este não serviçal e justo, e sim corrompido e viciado.

As revoltas que estavam sendo sinal de despertar duma parcela da Sociedade são tendencialmente sabotadas por grupos políticos e vândalos que não querem o desgaste político dos seus representantes ideológicos e partidários. Sem dúvida, o nosso País vive acontecimentos sócio-políticos que ainda não cutucaram as camadas mais pobres das nossas bases. Teriamos alguma prévia se as Redes Sociais estivessem sendo mais acessadas por estas, especialmente do Norte e Nordeste do País. Estas novíssimas ferramentas devem ser usadas também para a Educação Política. Como seria importante que os educadores e os jovens tivessem esta iniciativa! Incentivemos esta atitude.

Por fim, que os habitantes das cidades possam repensar o que significa celebrar suas emancipações políticas! Vejamos se os bens que promovem a verdadeira Emancipação estão sendo oferecidos aos cidadãos que vivem nestas cidades, a saber: Educação, saúde, moradia, segurança, habitação, lazer, liberdade religiosa e serviços outros que são direito de todos. Assim o seja!

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