Por Pe. Matias Soares, pároco de S. J. de Mipibu e Vig. Episcopal Sul.
A Igreja sempre esteve preocupada em ler os sinais do tempo. Aliás, este sempre teve um valor fundamental para constituição do seu estatuto ontológico. Com a Encarnação da Palavra de Deus na história humana (Jo 1,14), o tempo foi totalmente qualificado pela ação de Deus. A Humanidade agora tem O referencial para sua condição. A partir deste evento e sua glorificação no Mistério Pascal, o ele passa a ser sempre meio para fazermos a Memória Amoris.
O Papa Francisco está chamando à atenção do Mundo e da própria Igreja para esta realidade. Na sua última entrevista a um sacerdote jesuíta, que foi publicada recentemente, ele mais uma vez ratificou que a Igreja deve ser “Mãe e Pastora”. Recorda-nos a necessidade da misericórdia como marca essencial da ação missionária e pastoral desta Senhora tão antiga e sempre nova. Convoca-nos ao fundamento. Parte do Evangelho e diz o que a Igreja deve ser a partir de Jesus Cristo. Aqui está o ponto sobre o qual em todo o tempo os autênticos cristãos se debruçaram, assim como, os de hoje e os de amanhã necessitaram fazê-lo. Temos que continuar lendo a história e ter presente que no seu desenrolar o Cristianismo nunca teve crise de Jesus Cristo; mas daqueles que deveriam ter sido verdadeiros cristãos. Por causa deste sinal, o próprio Cristianismo foi alvo de tantas críticas e, através dele, a própria Igreja. Tanto um como outro têm sua razão de ser por causa da pessoa, palavras e obras de Jesus Cristo. Quem não faz esta Memória Amoris ou Passionis, na perspectiva de B. Metz, azeda e agride a qualificação do tempo realizada pela Revelação de Deus nesta história que agregou no espaço a realidade da salvação possibilitada à toda Humanidade.
O Papa Francisco está revigorando a sensibilidade pastoral da Igreja com suas palavras e com o seu testemunho. As suas atitudes farão com que haja uma cobrança do Povo à hierarquia eclesial por novas posturas e práticas pastorais e missionárias. O seu pontificado vai fomentar o que a Igreja da América Latina e do Caribe em Aparecida já o solicitara, a saber: “Uma conversão pastoral, que é consequência da conversão pessoal”. A Igreja precisa discernir o que Deus quer para cada um dos seus filhos neste momento da sua história; principalmente aqueles que estão dentro das suas estruturas físicas e hierárquicas. O povo já captou o que é necessário para que a Igreja realmente seja esta “Mãe e Pastora”. Talvez o anseio de manter as formas de poder dentro da Igreja e a partir dela no mundo esteja a dificultar o que é necessário para sua renovação pastoral!
Pensemos como uma possibilidade a necessária Reevangelização que pode acontecer permanentemente dentro da própria Igreja. O que pode ser inferido quando o Papa Francisco fala é a preocupação de dirigir-se antes de tudo aos cristãos e católicos. Por isso, a grande motivação feita por ele para que promovamos uma cultura do diálogo. Com uma estratégia diferente, ele está querendo o que o seu antecessor também o desejava, que é uma Igreja constituída não de quantidade, mas de qualidade cristã e eclesial.
A sensibilidade pastoral tão importante para a Igreja em todos os tempos ressurge mais uma vez com um rosto novo e com preocupação nova na pessoa do Papa Francisco: Ele quer uma Igreja Mãe e Pastora. Com muita esperança precisamos confiar nas mudanças que devem acontecer para o bem da Igreja e, mais ainda, para o bem do Povo de Deus. Retomemos cotidianamente o que é próprio de Cristo nas nossas práticas missionárias e pastorais, fruto da conversão e da graça de Deus. Sejamos dóceis à ação do Espírito Santo que neste momento da história nos chama a uma autêntica sensibilidade pastoral. Assim o seja!
Publicidade
Deixe um comentário