Como premissa, é importante destacar duas coisas: (1) A Igreja Católica é mais que a Paróquia, (2) a Paróquia não é a Matriz, mas uma instituição que abrange um território geográfico, onde habita uma porção do Povo de Deus.
A presença Igreja Católica está no berço da história registrada da futura São José de Mipibu. Na verdade, a primeira organização de uma civilização, no sentido ocidental do termo, deu-se por volta do ano de 1630, com a chegada da Igreja Católica, através dos Frades Capuchinhos, ao povoamento dos indígenas Mopebus. Já em 1689, registra-se a construção da primeira Capela, que fora dedicada à Nossa Senhora do Ó. Dessa forma, podemos dizer, com certeza histórica, que a formação de uma comunidade católica em solo mipibuense tem muito mais de 300 anos.
Porém, embora a Igreja Católica estivesse presente há cerca de 333 anos, foi somente no ano de 1762, exatamente no dia 22 de fevereiro, que se deu a criação da Instituição Paróquia de Sant’Ana e São Joaquim, através de decreto imperial e por ocasião da elevação da Aldeia dos Mopebus à condição de Vila de São José do Rio Grande. O nome da Vila foi uma homenagem ao príncipe Dom Francisco José Xavier e a São José, pai adotivo de Jesus.
No tocante à sede, a construção da Matriz atual teve seu início em 1740, ou seja, 22 anos antes de tornar-se Sede Paroquial. Em seguida, entre 1842 e 1894, o ilustre sacerdote Cônego Gregório Ferreira Lustosa ampliou a atual Matriz, construindo as duas torres, os corredores laterais e os dois altares laterais.
Outra grande reforma ocorreu em 1957, quando o Mons. Antônio Barros, um dos padres de maior e mais frutuoso paroquiato, numa totalidade de 53 anos de serviço nesta terra (1947-2000), fez a retirada dos forros, do assoalho de madeira do coro e das escadas das duas torres, substituindo-os por concreto, permanecendo desta forma até nossos dias.
A última grande intervenção no prédio foi realizada na administração do Pe. Josenildo Bezerra (2000-2009), o qual, na primeira década do Novo Milênio, empreendeu uma grande restauração, fazendo voltar a Matriz às suas características originais.
Os últimos dois paroquiatos, do Pe. Matias Soares (2010-2016) e do Pe. José Lenilson de Morais, atual pároco, foram marcados pela conservação deste patrimônio histórico, religioso e cultural. Além disso, ambos impulsionaram o crescimento da Festa dos Padroeiros, celebrada entre 16 e 26 de julho de cada ano, bem como o aumento notável do engajamento dos católicos na vida pastoral e missionária da Igreja.
A Paróquia, que foi guiada por mais de 40 sacerdotes, entre párocos e vigários, ofereceu à Igreja Católica e à sociedade inúmeros cristãos e cidadãos bem preparados. São professores, advogados, pedreiros, contadores, políticos, jornalistas, produtores rurais, empresários, médicos, enfermeiros, religiosos e religiosas e muitos outros que tiveram sua formação cristã e humana ou seu direcionamento vocacional através dos grupos, pastorais e movimentos e instituições da Paróquia.
Destacam-se, entre estes filhos ilustres, os três bispos mipibuense: Dom Heitor de Araújo Sales, Dom Manoel Tavares e Dom Francisco Canindé Palhano, mais de dezoito sacerdotes nativos, quatro diáconos permanentes, inúmeras religiosas e religiosos, catequistas, líderes comunitários e agentes de pastoral.
Nestes 260 anos, a Paróquia realizou quatro Congressos Eucarísticos, sendo o primeiro de 1936, o segundo em 1986, o terceiro em 2006 e o quarto em 2012, sempre no mês de outubro. Os congressos foram promovidos na ordem pelos párocos da época: Pe. Paulo Herôncio, Mons. Antônio Barros, Pe. Josenildo Bezerra e Pe. Matias Soares.
No âmbito da assistência social e educacional, chama-nos a atenção a Pastoral da Criança, a Pastoral da Sobriedade, a “Bodega Solidária”, o Abrigo Anízia Pessoa, que acolhe com dignidade mais de 30 idosos e o Instituto Pio XII, com 74 anos de serviço ininterrupto a educação do Município e Região, hoje sob a guia do Pe. Jarbas Batista Silva Araújo, FSA, Vigário Paroquial.
A princípio, a Paróquia era gigantesca, com um território que começava em Papary (atual Nísia Floresta) e se estendia até Santa Cruz do Inharé. Hoje, neste ano de 2022, quando celebramos 260 anos de sua criação, a Paróquia é formada por 47 comunidades, organizadas em 12 setores missionários, e abrange todo o território do Município de São José de Mipibu.
Neste dia 22 de fevereiro de 2022, para perpetua memória, em Concelebração Solene presidida pelo Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, será apresentado o brasão oficial e definitivo da Paróquia de Sant’Ana e São Joaquim, idealizado pelo Pe. Robson Paulo de Oliveira Silva, Vigário Paroquial, e, também, será sancionada, pelo Prefeito Municipal José de Figueredo, a Lei Ordinária 1.269/2022 que torna a Festa dos Padroeiros Patrimônio Cultural Imaterial do Município. Lei apresentada como projeto pela vereadora Carla Simone, presidente da Casa Legislativa, e aprovada por unanimidade pelo demais vereadores.
Por fim, nos últimos três meses, a Matriz, maior símbolo religioso e arquitetônico de São José de Mipibu, passou por um detalhado processo de restauração em vista do seu ANO JUBILAR, que durará até 26 de julho, dia dos Padroeiros. Na ocasião, será inaugurado um ponto de honra e memória perpétua ao Mons. Antônio Barros, o mais destacado presbítero do século passado, que serviu a esta Freguesia mais que bicentenária, por 53 anos e fundou as instituições que perduram até hoje. A Igreja de Deus é assim, parafraseando o Apóstolo Paulo: “uns plantam, outros regam, mas é Deus quem faz crescer” (Cf. 1 Cor, 3, 4-6).
Créditos do texto:
Pe. José Lenilson de Morais – Pároco
Pe. Robson Paulo de Oliveira Silva – Vigário Paroquial
Pe. Jarbas Batista Silva Araújo – Vigário Paroquial