Por Pe. Matias Soares, Pároco de São José de Mipibu.
A política pensada para o Bem Comum é exigente. Não é coisa de picareta. Quem faz política pensando em benefício próprio é o pior dos assassinos da Sociedade. Estes não matam só a um, dois, três (…). Suas ações cometem hecatombes. Basta perceber a situação da saúde, segurança, educação e tantos outros direitos sociais que, como não são garantidos, levam à morte direta ou indireta de milhares de cidadãos. O discurso político da modernidade de que os “fins justificam os meios”, para a obtenção do poder, é perverso. Quem o defende é um pervertido, pois a verdade nem a justiça iluminam a sua consciência; e quando estas são extirpadas das relações humanas, as consequências são terríveis.
Por mais que sejam apresentados planos de governo no período das campanhas eleitorais, percebe-se um grande e preocupante afastamento entre política e gestão. Na política pensada e realizada como jogo de poder, não há espaço para administrações eficientes e eficazes. Por sinal, nas nossas conjunturas políticas, existe pouco espaço para bons gestores. O povo não está preparado para este discernimento e ainda se submete aos esquemas falidos e horrendos que perpetuam figuras despreparadas, demagogas e portadoras do poder econômico, que fazem política como um negócio para a obtenção de mais dinheiro. A cisão é clarividente e, provavelmente, vai demorar a mudar.
Um processo para que a gestão seja o meio para o crescimento e o desenvolvimento vai exigir muito mais de toda a Sociedade. Não podemos pensar que quando falamos em crescimento estamos falando de desenvolvimento. Há um discurso falacioso, propagandístico e manipulador sobre ambos. Um deve estar em sintonia com o outro. Construir as estruturas físicas e econômicas em detrimento do bem integral da pessoa humana não é desenvolvimento. Não esqueçamos que a política e a gestão devem estar a serviço da dignidade da pessoa. Não podemos falar em crescimento e desenvolvimento quando os esquemas econômicos, mercadológicos e estruturais não priorizam o bem do povo. Falta capacidade administrativa dos gestores públicos para dar este passo qualitativo para que possamos retomar a autenticidade da política. Por que é que a Mídia assumiu um papel tão importante na posmodernidade para a política mundial? Porque ela apresenta símbolos sem consistência no real, que servem para “dominar” um rebanho desorientado por falta de educação e conhecimento.
Os princípios constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (CF. Art, 37) são referências positivadas pelo Estado para que o serviço ao bem da Sociedade seja salvaguardado. Contudo, existe uma complexidade tremenda para a execução destes fundamentos. A própria constituição testifica, e claro que justamente, que o poder emana do povo, ou seja, é este mesmo que continua a escolher quem não está preparado ética e tecnicamente para gerenciar os bens públicos. Por isso, que, esta urgente e necessária conexão entre política e gestão é uma construção que exige de todos uma atenção profunda e séria.
Por fim, também percebemos sinais localizados de relação e concretização da arte comum (política) advinda do povo e da arte específica (técnica) que é própria de grupos mais definidos que estão fazendo a diferença nalguns lugares do nosso País. Temos que avançar sem perder a esperança de que dias melhores virão na prestação de serviço quantitativo e qualificado para o bem da população. O povo precisa e agradece. Assim o seja!
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