Por Pe. Matias Soares, Pároco de São José de Mipibu.
A política passa por uma crise. Hoje se fala da urgência da sua reabilitação. Ela, como arte humana da promoção do Bem Comum, tem que passar por uma ressignificação, não só conceitual; mas, acima de tudo, prática. Existe uma chaga horrenda que ofende a sua dignidade e que envenena sua ordem sistêmica na pós-modernidade, que é a corrupção. Sem dúvida, este ato imoral sempre acompanhou a ação dos homens; mas existe uma nítida constatação de que há uma banalização do ilícito e aético das ações políticas.
O filósofo Jurgen Habermas afirma que a pós-modernidade apresenta-se sob uma forma política anarquista. Com isto, não é intenção minimizar a ideia do filósofo. Ela vem em auxílio do que percebemos no dia a dia do que é realizado pelos profissionais das façanhas politiqueiras. Infelizmente, não há seriedade em fazer política pensando a consecução da justiça e a promoção da dignidade humana. A conjuntura corrompida está levando a identidade da política ao colapso. O povo não acredita mais no que esta deve e pode fazer pela Sociedade. Existe um descrédito generalizado. Hoje, quem quiser perder a credibilidade da comunidade, diga que entrará para a política partidária. Os piores representantes da política são os políticos. O interesse particular sufoca o interesse público. A impunidade fortalece a corrupção. A ação política é doentia. Ela tornou-se um negócio bem lucrativo. Mesmo quem perde, ganha. Se não consegue o mandato, adquire favores para os familiares e seus grupos políticos. Neste sentido, ela é anárquica e caótica. Tornou-se artimanha de quem sabe manipular, mentir e ludibriar. Ela é necessária, mas não está sendo suficiente. A desigualdade social é o resultado mais clarividente duma política corrupta.
A democracia precisa ser fortalecida. Há quem pense que já é; mas pelo simples fato de poder votar. Os meios de comunicação massificam a vontade popular. A educação ainda não chegou a todos. Falta quantidade e qualidade. Uma real democracia só se sustenta com o nível educacional forte e consciente duma Nação. Sem esta, não há democracia. Sem educação, não há liberdade. Sem educação, o povo se torna refém da mediocridade de quem detém o poder econômico e é componente das oligarquias, que sempre exploraram e escravizaram os mais pobres e excluídos, deste nosso imenso e rico País. A corrupção prostituiu a política. O fato mais estranho dos últimos tempos da nossa história, para o povo, foi o julgamento dos atores do mensalão; e mais dantesco ainda foi o apoio que muitos deram aos companheiros, justificando que aquelas atitudes sempre existiram. Como compreender isto!? Vivemos a época da justificação do erro por mais erro. É aí que a verdade, a beleza e a bondade da política confundem-se com a corrupção. O abandono da ética pela política é um erro que nos custa muita caro. É literalmente oneroso. Existe uma ruptura na consciência subjetiva entre o justo e a política. Com isto, não pode haver um autêntico fortalecimento do Estado e, consequentemente, os interesses partidários serão sempre mais importantes do que o bem coletivo.
Por fim, fica a certeza de que uma reforma política é necessária e urgente. Porém, outros atores sociais têm que participar como protagonistas deste processo. Com políticos viciados, corruptos e imorais, a nossa política não será readaptada. O povo tem que reagir. O povo tem que participar de forma lúcida e com convicções democráticas. Com esperança, coragem e determinação poderemos fortalecer a democracia e curar a política deste câncer, chamado corrupção. Assim o seja!
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