O INCERTO FUTURO DOS JOVENS, PERTO DAS DROGAS, LONGE DA VIDA

Por Rejane Souza, doutoranda em literatura pela UFRN e colunista do ND.

Há alguns anos, a simples verbalização da palavra droga, maconha, entre jovens e adultos, já provocava grande espanto e repulsão. Na verdade, mencionar tal tema assumia a conotação de crime. No entanto com o pseudodiscurso de democratização e liberdade, o nome e o produto foram se banalizando, em princípio, pelas camadas mais favorecidas, e, gradativamente, foi chegando ao interior das escolas públicas e, hoje, contamina a vida da juventude de muitos municípios do Rio Grande do Norte e de outros Estados do Brasil.

O produto encontra, nessas regiões, presas fáceis. A maioria dos adolescentes e jovens, nesses lugares, vive em pleno ócio, sem nada para fazer! Não existe, por parte dos gestores, uma política pública consistente, que garanta a essa demanda uma terapia ocupacional que envolva educação, lazer, cultura, religião e emprego. As raras iniciativas advindas de ONGs e Fundações não contemplam um universo significativo, nem as necessidades reais deles. Trata-se de medidas paliativas. E sem horizonte e perspectiva, o refúgio dos garotos são as drogas, e assim, o problema vai ganhando espaço. 

O cenário que se vislumbra, atualmente, é este: crimes, assaltos, furtos praticados por jovens e adolescentes, que buscam no mundo da marginalidade os recursos necessários para alimentar os seus vícios. Do outro lado, encontram-se os familiares, totalmente despreparados para lidar com essa situação e sem saber a quem recorrer. O dilema é tão grande, que muitos pais buscam, muita vezes, proteger o vício dos filhos com receio de que eles possam ser mortos pela polícia ou por quem alimenta o vício, que também é outra vítima desse sistema. É uma situação desesperadora. E não há código de ética, nesse caso, que seja capaz de julgar se essa atitude familiar está certa ou errada!

O problema, na verdade, envolve a esfera social, econômica, religiosa, política e familiar, por isso, faz-se necessário o envolvimento de todos esses setores para que se possa, ainda, salvar essa juventude. E um encaminhamento, nesse sentido, é o de que as políticas públicas que envolvem as Pastorais, Igrejas Evangélicas, Casas da Família, Conselhos Tutelares, Centro de Apoios, Programa Social Familiar, Serviços na área de Psicologia, Centros Comunitários, ONGs, Fundações, Segurança Pública se unam em prol do combate a esse vício que tem roubado a melhor fase da vida de jovens e adolescentes, pois a indiferença, conivência e a impunidade são os piores remédios que muitos municípios tomam diante dessa situação.

Não é só a vida desses garotos que, no cotidiano, estão ameaçadas, mas de toda a sociedade que são as vítimas de seu vício, por isso essa luta é de todos nós. O problema das drogas não é mais um caso isolado, mas generalizado. E carece de medidas interventivas urgentes. O cenário de violência, furtos, crimes, assaltos nos interiores do Estado do RN, por exemplo, tem como principais protagonistas jovens e adolescentes, que deveriam estar na escola, praticando esportes, fazendo cursos ou em seu primeiro emprego. Felizes por seu futuro, mas seu mundo é alimentado por outros sonhos: os da drogas que pode, a qualquer instante, distanciá-lo de um bem tão precioso, a vida!

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