LAGOAS ESTÃO À ESPERA DE CHUVAS

Por Ricardo Araújo, para a Tribuna do Norte.

117039As três principais lagoas que abastecem Natal e a Adutora Monsenhor Expedito, que conduz água para municípios da região Agreste potiguar, estão com a capacidade volumétrica em níveis considerados preocupantes para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Com isto, a Secretaria sugeriu à Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) que adote o mecanismo de racionamento para que o sistema de abastecimento não sofra um colapso em breve. Em contrapartida, através da assessoria de comunicação, a Caern informou que, se não chover nos próximos 15 dias o suficiente para recuperar o potencial hídrico destes reservatórios, irá realizar uma reunião para discutir a melhor medida para sanar o problema.

A Lagoa do Bonfim, em Nísia Floresta, está com 59,43% da capacidade hídrica acumulada, o que corresponde a aproximadamente 50 milhões de metros cúbicos. É de lá que sai a água que abastece 14 cidades do interior potiguar, a maioria delas no Potengi, cuja oferta do líquido já foi reduzida em 30% desde o mês passado. Na zona Norte da capital, na Lagoa de Extremoz, o índice é ainda menor. Com 48,55% do total armazenado, o reservatórios abastece a maior área habitada de Natal e a acentuada diminuição do volume de água preocupa também quem depende da lagoa para sobreviver. Na Lagoa do Jiqui, entre Natal e Parnamirim, o percentual de armazenamento é de 73%.

Mesmo sendo o maior percentual entre as três lagoas, o índice é considerado baixo em relação ao histórico de monitoramento do reservatório. De acordo com a coordenadora de Gestão dos Recursos Hídricos da Semarh, Joana D’arc Medeiros, é a primeira vez, em uma década, que a Lagoa do Jiqui apresenta diminuição da capacidade hídrica. “É um reservatório raso em muitos pontos e este percentual é preocupante”, afirmou a coordenadora. Além disso, um outro grave problema atinge a Lagoa do Jiqui, que é responsável pelo abastecimento de 30% dos imóveis e residências de Natal: a poluição do rio Pitimbu. A Lagoa do Jiqui abastece a maioria dos bairros da zona Sul da capital.

A redução do potencial hídrico do reservatório é confirmado pelo funcionário público Everaldo da Silva Henrique, que mora às margens da Lagoa do Jiqui há 20 anos. Ele relembrou que, até o início deste ano, quase todos os finais de semana, famílias e amigos se reuniam numa área conhecida como “barragem da lagoa” para tomar banho, pescar e beber. Entretanto, a lagoa secou tanto que a barragem não passa, hoje em dia, de um caminho de concreto ligando uma margem à outra do reservatório. “Nunca vi isso aqui como está hoje. É lamentável”, comentou Everaldo. Os restos de garrafas plásticas e uma tirolesa amarrada numa das árvores às margens da barragem, remontam o cenário descrito por Everaldo.

Não muito distante dali, no município de Nísia Floresta, a Lagoa do Bonfim, principal fonte de abastecimento para a Adutora Monsenhor Expedito, está com a capacidade pluviométrica num nível considerado “muito baixo” pela Semarh. Dos 84,2 milhões de metros cúbicos possíveis de serem concentrados no reservatório, atualmente estão disponíveis pouco mais 50 milhões. As cinco escalas de medição do volume hídrico da lagoa, posicionados em pontos diferentes ao longo da margem próxima à Estação de Bombeamento I da Caern, refletem o quanto a água já recuou com o passar do tempo, acentuada com o agravamento da estiagem no litoral.

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“A lagoa já secou demais. A água vinha até mais em cima e hoje em dia está descendo”, disse Roseane da Silva, moradora de uma das ruas que margeia o reservatório. Com a chuva como a única fonte de reposição da reserva hídrica, a Caern expandiu a vazão de sete poços tubulares no entorno da Lagoa do Bomfim para ajudar a suprir a carência de água encaminhada para os dutos da Adutora Monsenhor Expedito. Quando em plena operação, os poços produzem até 700 mil litros de água por hora.

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