Por Leonardo Erys, para a Tribuna do Norte.

Torneio de futebol agitou de forma positiva o clima do presídio. (Foto: Emanuel Amaral)Pouco mais de uma semana depois, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, voltou a ser destaque nos jornais. Dessa vez, nenhuma fuga foi registrada, assim como não houve túneis descobertos. Tampouco, alguma rebelião aconteceu na maior unidade prisional do Rio Grande do Norte. A única arma utilizada pelos apenados foi a bola. Ao invés de grades, as quatro linhas. O 2º Torneio de Futebol da penitenciária, que ocorreu nos dias 13 e 14 deste mês, expôs a importância do esporte para a ressocialização daqueles que foram privados do direito de viver em sociedade.

“O ‘cara’ fica no pavilhão trancado, sem fazer nada, aí só vem pensamento ruim. Isso é uma motivação diferente, é bom”, diz Edvaldo França, o “Surfista”, de 42 anos, que cumpre pena por tráfico de drogas. “A mente da gente é tenebrosa e o esporte ajuda a distrair. Ganhamos o dia”, completa o apenado Carlos Alberto Costa, de 38 anos, preso por assaltar uma casa lotérica em Morro Branco, zona Sul de Natal, em 2007.

Os dois participaram do torneio que contou com oito times: pavilhões I, II, III e IV, além dos setores do rancho, padaria, serviço gerais e integrantes do projeto “Fábrica de Bolas”. Um campo de areia foi improvisado na entrada da Penitenciária, à frente das celas, com traves de mirim. A marcação do campo foi feita pelos próprios presos, assim como a bola utilizada nas partidas, fruto do projeto “Pintando a Liberdade”.

Foto: Emanuel Amaral

O coordenador do campeonato, Jonas Ponciano, explica que as duas edições do torneio foram realizadas a pedido dos presos. “O apenado que deu a ideia do campeonato faleceu um dia antes do primeiro torneio. Ele estava marcando o campo e teve um ataque fulminante”, comentou. Há 12 anos trabalhando na Penitenciárias de Alcaçuz, Jonas também coordena o projeto “Pintando a Liberdade”, que conta com a participação de 30 presos. Cada um produz uma bola por dia num trabalho que dura cerca de três horas. Por cada bola, o preso recebe o valor de R$ 2,70.

Para a diretora do Presídio de Alcaçuz, Dinorá Simas, a prática de uma atividade física pelos presos é o mais importante nesse contexto. “Eu vejo essas competições como algo bom para a saúde deles, para sair da rotina”, ressalta.

O presídio de Alcaçuz é considerado de segurança máxima, apesar das constantes fugas. O local foi construído para substituir o antigo presídio que existia na Zona Norte da capital potiguar.

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