HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ DE MIPIBU INTERDITA LEITOS POR FALTA DE INFRAESTRUTURA

Por Ricardo Araújo, do G1 RN.

A decretação de estado de calamidade pública na Saúde do Rio Grande do Norte pouco mudou, até hoje, a realidade de alguns hospitais estaduais. Enquanto pacientes encaminhados de diversas cidades do interior potiguar ocupam os corredores do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, hospitais regionais como o de São José de Mipibu, por exemplo, interditaram leitos por falta de infraestrutura adequada e também pela carência de mão de obra humana.

Dos 50 leitos da unidade de média complexidade situada em São José de Mipibu, cidade localizada às margens da BR-101 Sul, pelo menos 12 deles estão indisponíveis para recebimento de pacientes. A escala dos plantões do pronto-socorro pediátrico e adulto é fechada com médicos e enfermeiros cedidos pela Prefeitura Municipal. Já os partos, são realizados numa maternidade filantrópica sediada no Município e, os casos mais complexos, são encaminhados para Natal.

Das três enfermarias pediátricas, somente uma com cinco leitos está em funcionamento. Uma delas está fechada pois os equipamentos estão quebrados e sem possibilidade de uso. As crianças em estado mais grave são encaminhadas para hospitais como o Maria Alice Fernandes, na Zona Norte de Natal, e também para o Walfredo Gurgel, na Zona Sul da capital. “O atendimento pediátrico está funcionando à base do improviso”, confirmou o diretor administrativo da unidade, Carlos Magno Dantas. Na sala de observação da Pediatria, não há banheiro, o que seria suficiente para que o local fosse interditado pelos órgãos da Vigilância Sanitária.

Déficit de pessoal

Conforme dados levantados por Carlos Magno Dantas, a escala de profissionais deveria ser ampliada em 5 clínicos gerais, 2 pediatras, 15 técnicos de enfermagem, 1 farmacêutico, 1 bioquímico, 2 nutricionistas, além de porteiros, maqueiros, cozinheiros e auxiliares de serviços gerais. “Se fossem transferidos pacientes do Hospital Walfredo Gurgel, não teríamos condições de recebê-los por causa da falta de recursos humanos para o atendimento”, ressaltou Carlos Magno.

A falta de médicos na escala é comprovada pelos pacientes internados no Hospital Regional de São José de Mipibu. A idosa Maria Santana Rocha é cardiopata e precisa de atendimento médico especializado. “Aqui não tem cardiologista na escala de plantão e nós temos que ir para outra unidade de saúde. Mas minha mãe não tem condições nem de andar. É muito complicado”, lamentou Adriana Maria da Rocha, filha de Maria Santana.

Além da falta de profissionais da área da saúde, o hospital enfrenta dificuldades em relação ao abastecimento. De uma listagem encaminhada à Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) no início desta semana solicitando 10 itens para a Farmácia, a Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat), só atendeu dois produtos. “Não dispomos dos medicamentos específicos para determinados tratamentos”, ressaltou Carlos Magno. Ele afirmou que o abastecimento de medicamentos e insumos da unidade melhorou nos últimos dias. Entretanto, há cerca de 15 dias, faltaram drogas como paracetamol e plazil, por exemplo.

Problemas na infraestrutura

As dificuldades enfrentadas no Hospital Regional de São José de Mipibu vão além da falta de médicos ou insumos nas farmácia da unidade. Uma breve circulação pelos corredores do complexo hospitalar é suficiente para que se comprove a ausência de preservação com o patrimônio público. Faltam desde lâmpadas nas calhas de iluminação, até chuveiros no banheiro da única enfermaria pediátrica em funcionamento.

“A previsão é de que a reforma comece em outubro”, resumiu o diretor administrativo Carlos Magno Dantas. Entretanto, não há previsão de reforma no hospital conforme documento de enfrentamento à crise apresentado pelo Governo do Estado no dia da decretação do estado de calamidade pública na Saúde no dia 4 de julho passado.

Os problemas na infraestrutura são os principais responsáveis pela interdição das alas e a consequente impossibilidade de receber pacientes. Há lâmpadas queimadas, fios expostos, diversos pontos de infiltração em toda a unidade de saúde, macas e camas enferrujadas e até mesmo as válvulas de oxigênio e ar comprimido de um dos leitos da enfermaria clínica médico feminino estava vazando.

Na sala de Raio-X, um buraco se abriu no piso, na área na qual está posicionada a cama para procedimentos de radiografia. No setor de revelação das chapas, os técnicos de radiologia precisam secar o negativo com um secador de cabelos que a qualquer momento pode queimar.

Além disso, eles estão em contato direto com os produtos químicos pois na sala não há exaustor e o tanque de revelação está sem tampa.

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