Por Marco Carvalho, da Tribuna do Norte.

Mais uma vez presos conseguiram escapar da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta – Região Metropolitana de Natal. Na madrugada de ontem, doze homens fugiram do Pavilhão 3 e expuseram novamente as fragilidades do maior presídio do Rio Grande do Norte. Por falta de efetivo da Polícia Militar, ao menos quatro guaritas estavam desativadas, inclusive as que são próximas ao local da fuga e poderiam ter visualizado e impedido a ação. Durante os primeiros seis meses de 2012, Alcaçuz registrou seis fugas, quando 68 homens escaparam da unidade. Outras inúmeras tentativas ocorreram, sendo abortadas por agentes penitenciários e Pms.

A direção do presídio não se pronunciou sobre o ocorrido. No Pavilhão 3 foram encontradas celas com cadeados quebrados. O mesmo cenário também foi encontrado no Pavilhão 2, mas os detentos desistiram da ação após a reação dos agentes e pms à fuga registrada instantes antes. Como a entrada da imprensa não foi permitida no presídio, a equipe de reportagem percorreu toda a extensão do muro externo da unidade. Ainda durante a manhã de ontem, quatro guaritas permaneciam desativadas por falta de efetivo.

Os policiais militares de serviço, que preferiram não se identificar, reclamaram da estrutura à sua disposição. Falta de iluminação, comunicação e apoio logístico são algumas das reclamações dos pms.

Bate-papo

Henrique Baltazar, juiz de Execuções Penais

Quais foram as alterações que o senhor notou no Presídio de Alcaçuz desde a fuga histórica registrada em janeiro deste ano?

Continua tudo do mesmo jeito. Os problemas continuam ocorrendo. Não há nenhuma melhora, e houve até piora.

Como está o contato da Justiça com a Secretaria de Justiça do Estado, responsável pela administração dos presídios

Estou esperando que o novo secretário assuma. Tentei contato com o secretário interino, mas não consegui.

O senhor enxerga alguma alteração do cenário de fugas recorrentes a curto ou médio prazo no RN?

Isso pode começar a ocorrer se a governadora assinar o TAC [Termo de Ajustamento de Conduta] e convocar mais agentes penitenciários. Está dependendo de um parecer burocrático para seguir para aprovação na Governadoria.

Ontem novamente haviam guaritas desativadas por falta de efetivo de policiais militares. Qual a solução para esse problema?

A Polícia Militar não cuida daquilo ali. Não há compromisso. Considero mais adequado que os próprios agentes penitenciários assumam a guarda externa. Mas para isso é necessário que se convoque mais agentes e haja previsão legal dessa função. Mas enquanto as guaritas forem de responsabilidade da PM, vai permanecer desse jeito.

Memória

Só este ano, o maior presídio do Estado já soma seis fugas, com 68 fugitivos:

9 de janeiro – Quatro presos fogem por túnel cavado no Pavilhão 1 do presídio. Outros 35 presos que estavam preparados para fugir tiveram a ação abortada pelos agentes penitenciários e policiais militares responsáveis pela guarda externa. Os homens que fugiram foram identificados como Júlio César Ferreira da Silva, Bruno Pierre Araújo Falcão da Silva, Lindomar Pereira do Nascimento e José Marcelo da Silva.

19 de janeiro – 41 detentos escapam do Pavilhão Rogério Coutinho Madruga sem serem notados por policiais militares ou agentes penitenciários. Autoridades só tomam conhecimento do fato após a prisão de três foragidos abordados durante patrulhamento de rotina na região.

3 de fevereiro – Duas semanas após o registro da maior fuga da história do RN, a Penitenciária de Alcaçuz volta a registrar uma fuga. Seis detentos escapam por um túnel já conhecido da direção, mas que não havia sido fechado de forma satisfatória.

28 de maio – Durante a madrugada, três homens escapam do Pavilhão Rogério Coutinho Madruga. Antônio José Emerenciano Ramos, José Rodrigo da Silva e Pedro Lucas da Silva Álvares fugiram, após terem conseguido sair da cela do pavilhão considerado de segurança máxima. Pedro Lucas Álvares foi recuperado pouco tempo depois.

8 de junho – Dois homens escapam da unidade utilizando uma “Teresa”, corda formada por lençóis. Maikel Neves e Antônio Cândido trabalhavam na padaria da penitenciária e a aproveitaram a liberdade interna que dispunha para planejar e executar a fuga.

26 de junho – Durante a madrugada, presos escapam do pavilhão 3 e rastejam até o muro da unidade prisional. Com as guaritas desativadas, os detentos encontram tempo para cavar um buraco na base do muro e, assim, escapar. Doze homens fugiram, mas um detento foi recapturado pouco tempo depois.

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Uma resposta para “ALCAÇUZ: UMA FUGA POR MÊS”

  1. roberto

    Policial militar trabalha é na rua, polícia ostensiva… as guaritas devem ser Responsabilidades dos Agentes Penitenciários… mas como fazer isso se por lei a proporção de Agentes em relação a presos deve ser de 1 (um) Agente para cada 5 (cinco) presos e o estado hoje tem a proporção média de 1 agente para cada 40 presos?
    o RN tá um caos com esse #desgoverno… saúde, educação, segurança, tudo uma m_ _ _ _

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