Por Rejane de Souza, do Nísia Digital.
Em pleno século XXI, e os ideais plantados pela escritora Nísia Floresta, desde o século XIX, são tão atuais e cristalinas como a água. Nísia viveu em uma época onde cabia somente ao gênero masculino o direito à educação e outros bens sociais e culturais. O papel dispensado à mulher era o de cuidar dos filhos, especializar-se em serviços domésticos e zelar pelo bem-estar da família e do marido. Entretanto, Nísia Floresta, nascida no povoado Floresta, antiga Vila Papary- RN, em 1810, quebrou com todos esses paradigmas.
De início, tentou seguir a tradição casando aos 13 anos de idade com jovem de conceituada tradição familiar, todavia o traço peculiar de sua personalidade já despontava, nessa fase, quando ela resolve se separar, com pouco tempo de casada, e retorna à casa de seus pais. Após a perda do pai, assassinado por motivação política em Olinda- PE, em 1828, ela conhece seu segundo e único amor Manuel Augusto, com quem tem dois filhos Lívia e Augusto. Nísia Floresta dedicou-se a maior parte de seu tempo à educação, às causas sociais e emancipação da mulher. Essa última sempre foi uma de suas principais preocupações, tendo em vista que, aos 22 anos, publica seu primeiro livro Direito das Mulheres e Injustiças dos Homens, em 1832. Ela era inconformada com a ausência de direitos para a mulher, conforme citação: “Certamente Deus criou as mulheres para um melhor fim, que para trabalhar em vão toda sai vida” (1832). O livro aborda a situação em que as mulheres viviam, em seu tempo, praticamente enclausuradas e recebendo um nível de educação bem diferente ao dos homens. Essa publicação foi marcante para a trajetória de Nísia Floresta na luta pelos direitos das mulheres. Fruto, na verdade, de uma tradução de uma obra inglesa intitulada Vindication of the Rights of Woman, de Mary Wollstonecraft, cuja leitura teve grande influência no pensamento feminista da escritora potiguar. O livro publicado por Nísia constituiu-se em uma obra pioneira no Brasil no que se refere à abordagem do direito das mulheres ao estudo e ao trabalho, além da exigência de que fossem consideradas seres inteligentes e merecedoras de respeito na sociedade. É importante, ainda, destacar que o livro Direito das Mulheres e Injustiças dos Homens elevou a escritora ilustre ao papel de primeira mulher a publicar, no Brasil, uma obra de cunho feminista. Diante disso, jogando um olhar sobre a situação atual da mulher, que além de ter acesso livre à educação em todos os níveis, tem assumido cargos de grande relevância nas áreas legislativas, jurídicas, executivas e privadas, e, mais recentemente, um fato inédito: a entrega do Prêmio Nobel da Paz a três mulheres que lutam pela paz e desigualdades sociais em seus países, não há como deixar de exaltar que os direitos e conquistas sociais que hoje o gênero feminino experimenta se devem à ousadia, à coragem, ao pioneirismo e ao espírito de luta de mulheres como nossa Nísia Floresta Brasileira Augusta. Há, também, o primeiro Colégio criado pela escritora que oferecia educação exclusiva para meninas, mas isso é assunto para o próximo artigo.
SÉRIE DE ARTIGOS EM COMEMORAÇÃO AOS 201 ANOS DE NÍSIA FLORESTA.
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